História
Na história da humanidade as pessoas com deficiencia (PCD) foram tratadas de diferentes maneiras pela sociedade. Na Grecia antiga, as PCDs eram tratadas diferentes por não se enquadrarem nos padrões físicos da época. Na Roma antiga, a Lei das Doze Tábuas, que constituiu a origem do direito romano, determinava o sacrifício de bebês que nasciam com má formação física. Durante a idade média e Moderna, com o surgimento do Cristianismo, a visão religiosa dominante enxergava a deficiência como uma punição ou um castigo divino, em que a pessoa que a possuía deveria conviver com ela para “pagar” os seus pecados. Com isso adquiriu um status humano, possuidor de alma, não devendo mais ser descartado da sociedade como antes, porém ainda vistos como inutéis socialmente.
A preocupação com a inclusão desse publico veio após a Guerra Civil Americana (1861-1865) e a I Guerra Mundial (1914-1916), quando milhares de sobreviventes voltaram das guerras portando alguma sequela. Após a Guerra Civil, o Governo Americano instituiu um programa específico para atendimento médico e de reabilitação para os veteranos.
Em 1941, o Presidente Roosevelt, preocupado com a reabilitação de soldados norte-americanos, antes mesmo da entrada do país na Segunda Grande Guerra Mundial (dezembro de 1941), criou o Hospital Naval de Corona, na Califórnia. Corona era um SPA de luxo, frequentado pelas pessoas mais ricas da região que juntamente com os hospitais militares de Birmingham (CA), Framingham (MA) se tornaram os pioneiros na prática de Basquetebol em Cadeira de Rodas no Mundo.
O Primeiro registro histórico de uma atividade esportiva praticada por ex-soldados com deficiência é de 1923 na Inglaterra, mas foi em 1947 que foi registrado o primeiro jogo oficial de Basquetebol em Cadeira de Rodas realizado pelo time do Hospital de Birmingham contra a equipe de Corona.
Em 1949 em Illinois, EUA, foi realizado o primeiro torneio de BCR contando com a participação seis equipes. No mesmo ano, a National Wheelchair Basketball Association (NWBA) foi formada nos EUA.
Ludwig Guttmann, neurologista alemão de origem judaica que, fugindo do nazismo, foi convidado, em 1944 para assumir o Centro de Reabilitação do Hospital de Stoke Mandeville, em Aylesbury, no Reino Unido. Guttmann nasceu em 3 de julho de 1899, na cidade Toszek, hoje região pertecente à Polônia, vindo a falecer em 18 de março de 1980, no Reino Unido. Em 1944, o Dr. Ludwig Guttmann insere no programa do Hospital de Stoke Mandeville a primeira modalidade esportiva desenvolvida especificamente para pessoas em cadeira de rodas. A modalidade, hoje descontinuada, era um híbrido entre o hóquei e o polo.
Baseado no grande potencial de reabilitação do esporte, Guttman insere em Stoke Mandeville diversas outras modalidades: tiro com arco, tênis de mesa, bilhar, halterofilismo, esgrima, jogo de iniciação ao basquetebol (com diminuição da altura do aro e ainda sem tabelas) chamado de Netball entre outros. Em 29 de julho de 1948, no dia da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, na cidade de Londres já reconstruída dos pesados bombardeios que sofrera na II Grande Guerra Mundial, o Dr. Ludwig Guttmann organizou a primeira competição para atletas em cadeira de rodas. A esse evento, Dr. Guttmann deu o nome de Stoke Mandeville Games, e passou a realiza-lo anualmente. Em 1952, os Holandeses participaram da competição pela primeira vez, elevendo o evento a uma competição internacional.
Em 1955, a equipe dos Pan Am Jets dos EUA foram convidados a participar dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, naquele momento se ajustaram as regras do netball, mas o seu desempenho na competição motivou a mudança do netball em cadeira de rodas para o basquete em cadeira de rodas para os jogos futuros.
Em 1960 aconteceu a primeira edição dos jogos de Stoke Mandeville fora da Inglaterra, posteriormente conhecidos como Jogos Paralimpicos, contaram com a participação de atletas de 23 Paises divididos em 8 modalidades. A partir daí, passaram a ser realizadas de quatro em quatro anos, assim como as Olimpíadas.
A modalidade é uma das poucas que esteve presente em todas as edições dos Jogos Paralímpicos, iniciando com o naipe masculino em 1960. As mulheres disputaram a primeira Paralimpíada em Tel Aviv, no ano de 1968.
No Brasil, foi a primeira modalidade paralimpica a ser praticada no país, a partir de 1958, no Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro, por iniciativa de Robson Sampaio de Almeida e em São Paulo, no Clube dos Paraplegicos de São Paulo por Sergio Del Grande.
Robson Sampaio, Alagoano radicado na Cidade do Rio de Janeiro, sofreu um grave acidente em uma viagem aos Estados Unidos que o deixou em uma cadeira de rodas. Buscando o que tinha de melhor na época permaneceu lá fazendo sua reabilitação. Sérgio Del Grande, sofreu um acidente disputando uma partida de futebol no Colégio Arquidiocesano na Cidade de São Paulo e perdeu os movimentos das suas pernas. Também buscou reabilitação nos EUA. Como o Basquetebol em Cadeira de Rodas já estava inserido nos programas de reabilitação, ambos conheceram a modalidaade e em seus retornos ao Brasil iniciaram a modalidade em seus estados de origem.
Em 1957, a equipe de basquete americana “PAN-AM-JETS”, formada por funcionários com deficiências físicas da empresa de aviação Panamerican Airlines, a PANAM, fez uma excursão ao Brasil e exibições em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa equipe, no estilo dos Globe Trotters, foi de grande importância na difusão do BCR em diversos países, em todo o mundo. No mesmo ano surgia, no Rio e em São Paulo a ideia de fundação de clubes de prática específicos de BCR.
Em 06 de Junho de 1959 ocorreu o primeiro confronto entre o CPSP e o Clube do Otimismo. Ele ocorreu no Ginásio do Maracanãzinho, com a vitória dos paulistas com o placar de 22x16. Em 1960 e 1961 outros dois confrontos aconteceram, ambos vencidos pelos cariocas por 37x17 e 48x8, respectivamente.
A estreia da Seleção masculina foi nos Jogos de Heidelberg 1972, e, da feminina, em Atlanta 1996. As melhores colocações brasileiras na modalidade foram o quinto lugar, no masculino, e o sétimo, no feminino, obtidas no Rio 2016.
1975 - Ano da Primeira Competição Internacional no Brasil
A modalidade é praticada por atletas de ambos os sexos que tenham alguma deficiência físico-motora, sob as regras da Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF). As cadeiras são adaptadas e padronizadas. Os jogadores podem usar faixas e suportes que o fixem na cadeira ou faixas para prender as pernas juntas. Aparelhos ortopédicos e protéticos podem ser usados. O cartão de classificação dos jogadores deve informar o uso de próteses e afins e indicar todas as adaptações na posição do jogador na cadeira. Pneus pretos, aparelhos de direção e freios são proibidos.
A cada dois impulsos na cadeira, o jogador deve quicar, passar ou arremessar a bola. As dimensões da quadra e a altura da cesta são as mesmas do basquete olímpico.
Fontes: IWBF - Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas, A história dos Jogos Paralímpicos (midianinja.org), O Legado Paulista ao Esporte Paralímpico (aureaeditora.com.br), A história dos direitos das pessoas com deficiência | Politize!, Livro Memória Paralimpica - Volume I - de António João Menescal Conde.